No início de junho de 2019 foi publicado conjuntamente pelo AIAG (Automotive Industry Action Group) e VDA (Verband der Automolilindrustrie) a nova versão do FMEA, que agora será chamado FMEA AIAG & VDA 1ª Edição. Este manual foi desenvolvido por especialistas globais das montadoras (OEM) e Fornecedores (Tier 1) e é resultado de quase três anos de trabalho conjunto para harmonizar os manuais anteriores e proporcionar uma base comum para os FMEA´s.
A primeira pergunta feita por muitos é: E agora? Seguida por: Os antigos manuais perderão a validade? Tenho que revisar todos os FMEA’s de minha empresa? Serei cobrado por clientes e auditores de terceira parte à partir de quando?
Muita calma nessa hora! Não foram estabelecidos prazos para essa transição. A recomendação presente no manual é que as organizações definam suas estratégias para transição, e acredito que em breve as montadoras já terão definido seus prazos/ limites. É provável que inicialmente se torne mandatório para novos projetos/programas o desenvolvimento no padrão do novo FMEA. Após isso, os prazos serão desdobrados pela cadeia de fornecimento.
O ideal é que as empresas não percam tempo para qualificar suas equipes no Novo FMEA, de modo a começar a planejar uma transição tranquila e sem sustos. Uma sugestão é iniciar com um piloto, eleger um produto, processo ou família em que a equipe tenha o domínio, e utilizá-lo como referência.
E o que mudou?
Sem sombras de dúvidas, asseguro que essa nova versão é uma evolução. O objetivo do FMEA continua o mesmo, PREVENÇÃO. Como nas outras versões, a ferramenta nos conduz para identificar o que pode dar errado, analisar os riscos e priorizar ações. Ocorre que agora, as novidades ajudam, e muito, quando corretamente aplicadas.
Algo de muito positivo na nova estrutura do FMEA é que ela nos conduz a sempre olharmos para o cliente. Eu sei que vão dizer, mas isso sempre foi assim. Sim, mas a estrutura obriga a olharmos para frente, se não fizer isso o FMEA não sai! Isso é ótimo, pois vai reduzir muitos dos erros conceituais que víamos até então.
A mudança mais impactante é a condução da análise seguindo a Estrutura de 7 passos, e é por ela que pretendo demonstar a seguir algumas novidades do Novo FMEA. Essa estrutura é semelhante a anteriormente adotada no manual do VDA 4, onde havia 5 passos, mas nesta versão harmonizada foram adicionados os passos de Planejamento e Preparação e Documentação dos Resultados.
Para facilitar o entendimento deste texto, nas imagens estão dispostas as colunas correspondentes ao DFMEA (FMEA de Projeto) e PFMEA (FMEA de Processo). Quando formos aplicar, nada muda em relação a versão anterior, serão FMEA’s separados para Projeto e Processo.
Passo 1 – Planejamento e Preparação:
É nele que definimos o que será analisado em nosso FMEA, quais serão os limites de análise.
Passo 2 – Análise da Estrutura:
Neste passo definimos a estrutura do nosso FMEA. O que está em analise (gerador do modo de falha), o que é afetado (sofre o efeito) e o que afeta (de onde vem as causas).
Item 2 (em verde) – Definimos o elemento foco de nossa análise. No DFMEA: Sistema, Subsistema ou componente. No PFMEA: Etapa do processo (elemento foco).
Item 1 (em laranja) – Definimos qual é o próximo nível, o que esta à frente. No DFMEA, onde o elemento foco será aplicado. No PFMEA, qual o processo que será abastecido, ou qual é responsável pela etapa do processo.
Item 3 (em azul) – Indicamos qual o nível inferior. No DFMEA: componente, matéria-prima ou característica. No PFMEA: elemento de trabalho do processo (4M´s).
Passo 3 – Análise da Função
Definir a função é etapa primordial para um bom FMEA, e é nesse passo que faremos isso. Aqui deveremos fazer a correlação do que foi indicado no “Passo 2” para os itens 1, 2 e 3, tanto para o DFMEA como para o PFMEA.
Item 1 (em laranja) – No DFMEA: indicar a função do Nível Superior (Sistema, Sub-sistema ou componente). No PFMEA: indicar qual a função do processo posterior (processo que será abastecido ou qual é responsável pela etapa do processo que está sendo analisada).
Item 2 (em verde) – No DFMEA: indicar a função do elemento foco. No PFMEA: indicar etapa do processo que está sendo analisada.
Item 3 (em azul) – No DFMEA: indicar a função, requisito ou característica do nível inferior. No PFMEA: indicar a função do elemento do Processo.
Passo 4 – Análise da Falha
Pronto, chegamos na análise da falha!
Novamente faremos uma relação com as funções que foram indicadas no passo anterior, “Passo 3”.
Falha é a negação da função. Então, em primeiro momento, indicaremos o que ocorre se a função não atender ao seu objetivo.
No item 1 em laranja, a falha apontada será o Efeito da Falha.
No item 2 em verde, a falha apontada será o Modo de Falha.
No item 3 em azul, a falha apontada será a Causa da Falha.
Não podemos esquecer que essa análise é sempre feita em relação ao Elemento Foco indicado no item 2 do passo 2.
É no passo 4 que classificamos a “Severidade”, e essa classificação é feita com base no Efeito da Falha. O novo manual possui tabelas modificadas em relação as versões anteriores.
Passo 5 – Análise do Risco
Neste passo iremos indicar quais são os Controles Preventivos Atuais, sempre relacionados com a causa da falha e também os Controles Detectivos Atuais, relacionados com a Causa da Falha e o Modo de Falha.
É no Passo 5 que classificamos a “Ocorrência” e a “Detecção”. Para ambas, o novo manual possui tabelas modificadas em relação as versões anteriores.
Uma mudança significativa no Passo 5 é o PA (Prioridade de Ação), o NPR ou RPN não existe mais. As prioridades de ação (PA ou AP) agora são classificadas como H (Alta), M (Média) e L (Baixa). Para chegarmos a essas classificações utilizamos as tabelas presentes no manual, que fazem uma relação entre Severidade, Ocorrência e Detecção e indica como a PA será classificada. Não é feita mais a multiplicação entre os índices. Essa é uma ótima mudança, ficará muito mais fácil definir quais ações serão prioritárias.
Passo 6 – Otimização
Neste passo iremos definir as ações. Agora, ao invés de “ação recomendada” temos duas colunas “Ação Preventiva” e “Ação Detectiva”, isto ajudará a equipe a melhor identificar e definir as ações necessárias relacionadas a “ocorrência” ou “detecção”. Também foi adicionada uma coluna para “situação”, onde colocaremos qual o status da ação proposta.
Passo 7 – Documentação dos Resultados
Para esse passo, não foi definido um formato específico, porém a organização deverá documentar como se deu a implementação de cada uma das tarefas, ações, índices etc. É um formato livre, cada organização definirá a melhor forma de atender.
Esse é só um resumo, as novidades apresentadas nesse Novo FMEA AIAG&VDA são muito mais complexas. O objetivo desse texto é um overview sobre o novo manual.
Sem dúvidas, as mudanças deste novo manual do FMEA irão demandar um esforço adicional das organizações, em contrapartida os resultados que podem ser obtidos com a correta aplicação serão compensatórios. A meu ver a identificação das falhas será mais precisa e certamente as empresas irão colher melhores resultados sobre isso.
Agora é mãos à obra! Treinar a equipe, selecionar um projeto/processo piloto e iniciar o quanto antes a transição.
Henrique Lind
(11) 95060-6312
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