Embora não seja um novo conceito ou estratégia, os programas ambientais, sociais e de governança (ESG) estão em ascensão. Ao longo dos últimos dois anos, à medida que os desastres naturais continuaram a aumentar de intensidade e a crise do COVID-19 ocorre o aumento das desigualdades de renda e saúde para o centro do palco, as corporações têm cada vez mais focado em suas próprias medidas e práticas de ESG em conjunto com suas redes sociais corporativas com esforços de responsabilidade.
No post de hoje, vamos compartilhar um breve resumo sobre a história do surgimento do ESG, assim como o conceito abrangente de responsabilidade social corporativa (RSC), mas sem avançar nas questões de governança, que traz na história, diversos casos de corrupção, suborno, fraudes que sustentam a necessidade de transparência, e então o foco na governança, no ambiente de negócios. Este aspecto ficará para outro post.
A prática de ESG tem uma história sobreposta que pode ser rastreada até vários eventos importantes, de ações na comunidade empresarial ao longo de várias décadas que culminaram em nossa compreensão moderna do ESG hoje.
Confira a linha do tempo ao longo do último século que ajudaram a formar o contexto atual.
Décadas de 1950 e 1960
Sindicatos de Eletricistas e Mineiros começaram a investir capital de pensão em moradias a preços acessíveis e instalações de saúde.
Década de 1960
Os protestos contra a Guerra do Vietnã e a pressão pela paz nos Estados Unidos são bem conhecidos pelas ações tomadas por estudantes universitários e manifestantes, mas também envolveram membros da comunidade empresarial.
Do outro lado da influência dos negócios na Guerra do Vietnã estava a produção do Agente Laranja, uma arma química usada pelos militares dos Estados Unidos e produzida por várias empresas químicas sediadas nos EUA. As empresas envolvidas na produção do Agente Laranja ainda enfrentam processos de vítimas, tanto veteranos dos EUA quanto civis do Vietnã, Camboja e Laos, até hoje.
A anti guerra não foi o único movimento que ocorreu na década de 1960. Esta década também viu o Movimento Black Power, o Movimento Indígena Americano, um impulso adicional pelos direitos das mulheres, direitos dos trabalhadores rurais e o Movimento Green Power.
1970 Milton Friedman apresenta sua Teoria do Valor do Acionista
Se você não está familiarizado com a teoria de Milton, deve se lembrar de que foi um grande burburinho no mundo da responsabilidade social corporativa no ano de 2022, pois 2020 marcou 50 anos desde que a teoria foi publicada pela primeira vez no ensaio “The Social Responsibility Of Business Is To Increase Its Profit”.
O tema ainda debatido, é atual, pois há um consenso crescente de que a estratégia de negócios não deve ser apenas sobre a maximização do lucro. As empresas que têm um propósito, que vão além da maximização do lucro no centro de sua estratégia de negócios, estão vendo um crescimento sustentável de longo prazo, podendo o ESG ser um pilar da iniciativa de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) de uma empresa e sustentar a teoria de Milton Friedman.
22 de abril de 1970
Inspirado por movimentos anti-guerra e uma profunda preocupação com o futuro ambiental da América, o senador Júnior Gaylord Nelson de Wisconsin reuniu 20.000.000 pessoas (10% da população americana na época) para o que agora conhecemos como Dia da Terra.
O primeiro Dia da Terra levou a uma cascata de passos importantes para a conservação e, de acordo com Earthday.org, “no final de 1970, o primeiro Dia da Terra levou à criação da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e à aprovação de outras leis ambientais pioneiras, incluindo a Lei Nacional de Educação Ambiental, a Lei de Segurança Ocupacional e Lei da Saúde e Lei do Ar Limpo”.
Dois anos depois, o Congresso aprovou a Lei da Água Limpa. Um ano depois, o Congresso aprovou a Lei de Espécies Ameaçadas e logo após a Lei Federal de Inseticidas, Fungicidas e Rodenticidas. Essas leis protegeram milhões de homens, mulheres e crianças de doenças e morte e protegeram centenas de espécies da extinção.
Década de 1980
O conceito de ESG continua a se acelerar, especialmente em torno das ações tomadas pelo governo dos Estados Unidos no “Comprehensive Anti-Apartheid Act”, que proibiu qualquer investimento adicional na África do Sul.
Além disso, esta década viu vários desastres ambientais oriundos das atividades de empresas, incluindo um enorme derramamento de óleo na Baía de Prudhoe, no Alasca. Este desastre, em particular, levou à fundação da Coalizão de Empresas Ambientalmente Responsáveis, também conhecida como CERES.
1990
Foi criado o Domini 400 Social Index, que hoje conhecemos como MSCI KLD 400 Social Index. Esse índice foi o primeiro de seu tipo a rastrear o investimento sustentável por meio de uma metodologia ponderada por capitalização. Em 1994, os investidores tinham acesso a 26 fundos sustentáveis, com ativos de cerca de US $1,9 bilhão.
1992
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, também conhecida como Cúpula da Terra, é convocada no Rio de Janeiro e 154 países assinam um tratado ambiental internacional com o objetivo de reduzir os impactos ambientais em todo o mundo.
1997
Discussões, reuniões e negociações realizadas na cidade de Kyoto, no Japão, deram origem ao tratado –Protocolo de Kyoto, e foi aberto para a assinatura dos países em 11 de dezembro de 1997, e sua ratificação aconteceu em março de 1999. Mais de 192 países se comprometeram a limitar e reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) de acordo com a meta individual acordada. O protocolo entrou em vigor em 2005.
No mesmo ano, a Global Reporting Initiative foi fundada em Boston. Em suas próprias palavras, a “GRI (Global Reporting Initiative) é a organização internacional independente que ajuda empresas e organizações a assumirem a responsabilidade por seus impactos, fornecendo-lhes a linguagem comum global para comunicar esses impactos”.
2000
É lançado o United Nations Global Compact. Este pacto é um chamado para que as empresas alinhem estratégias e operações com princípios universais sobre direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção, e tomem ações para avançar nesses objetivos”. Hoje, o Pacto Global abrange signatários de mais de 13.000 empresas em 160 países.
2004
Por meio do Pacto Global, em 2004 foi publicado o relatório “Quem Se Importa Ganha – Conectando Mercados Financeiros a um Mundo em Mudança” e forneceu diretrizes para as empresas incorporarem ESG em suas operações.
2011
O Conselho de Padrões de Contabilidade de Sustentabilidade (SASB) é lançado para padronizar a contabilidade e as medições de sustentabilidade em 77 indústrias.
Em suas palavras, a missão do SASB é “estabelecer e melhorar os padrões de divulgação específicos do setor em tópicos ambientais, sociais e de governança financeiramente relevantes que facilitem a comunicação entre empresas e investidores sobre informações úteis para decisões”.
2015
Na Convenção-Quadro das Nações Unidas, o Acordo de Paris ganha vida e na Assembleia Geral das Nações Unidas foram criados os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Uma iteração anterior dos ODS foram os Grupos de Desenvolvimento do Milênio.
2019
Em Dezembro de 2019 a Comissão Europeia divulgou o Acordo Verde Europeu ou Pacto Ecológico Europeu (European Green Deal). O tal pacto é um conjunto de políticas e estratégias articulado pela Comissão Europeia a fim de conter a ameaça do aquecimento global.
O acordo, por um lado é sobre reduzir emissões de gases de efeito estufa, e por outro, é sobre gerar emprego e impulsionar inovações. Há uma meta ambiciosa neste pacto. A União Europeia (EU) tinha como objetivo atingir as emissões líquidas zero de gases de efeito estufa até 2050 – impacto neutro.
Para tal, deveria ser estabelecida a ‘Lei do Clima’ a qual foi apresentada em 03/2020. A Comissão Europeia adotou a sua proposta de Lei Europeia, a “Lei do Clima”. A UE está fortemente empenhada em alcançar a neutralidade climática até 2050, devendo já apresentar avanço de resultados em 2030.
2020
Em 01/2020 o Fórum Econômico Mundial de DAVOS lançou o MANIFESTO DE DAVOS, o manifesto sobre o propósito universal das empresas. Ele “dá o tom” para todos os líderes empresariais mundiais. O manifesto trouxe a urgência e relevância das questões ambientais, sociais e de governança, e então o ESG entra em cena com força total no mundo inteiro.
Não há dúvida de que o ano de 2020 acelerou a necessidade de RSC e ESG. A pandemia do COVID-19 trouxe à tona as disparidades econômicas e destacou as lacunas nos sistemas de saúde e no acesso em todo o mundo.
Os Estados Unidos foram forçados a enfrentar os impactos contínuos do racismo sistêmico em ondas de protestos e diálogos que continuam a moldar 2021 até o momento.
Também nos Estados Unidos, uma eleição contenciosa destacou os direitos dos eleitores e uma profunda divisão nas crenças políticas. Em todas essas áreas, muitas empresas foram forçadas por consumidores e investidores a se manifestar, tomar uma posição e olhar internamente para suas próprias políticas e força de trabalho e refletir sobre suas ações em torno da diversidade e inclusão e avanço da justiça social.
2021
Larry Fink, CEO da BlackRock (reconhecida como a maior gestora de fundos de investimentos global), publicou sua Carta Anual aos Acionistas com uma mensagem clara: a hora de agir é agora.
ESG é um tema de destaque ao longo da carta e Fink examina os impactos esperados e inesperados da pandemia e como a comunidade empresarial pode e deve desempenhar um papel na criação de um mundo melhor, reforçando a questão da necessidade das organizações ter “propósito”, apontando para a responsabilidade empresarial em um ambiente político cada vez mais polarizado e para a crescente relevância da questão ambiental como “uma nova consciência” para o mercado financeiro.
Em resumo, a carta deixa claro que a Black Rock estará direcionando os recursos de seus investidores para empresas comprometidas com o padrão ESG/ ASG (Ambiental, Social e Governança).
Gostou deste timeline? Obviamente é um resumo dos principais fatos relativos ao momento atual, considerando o tema ESG. Espero que você possa sair desse post com um conhecimento maior em relação ao ESG e a sua importância!
