ESG, você sabe do que se trata? Conseguiu entendê-lo sob a ótica da GESTÃO ORGANIZACIONAL? Os impactos na vida profissional?
“As empresas que cumprirem seu propósito e suas responsabilidades com as partes interessadas colhem frutos no longo prazo.” Larry Fink- CEO da Black Rock (maior gestora global de ativos) em carta aberta em 2019.
Uma pesquisa recente da Deloitte com os trabalhadores Millenials – Geração Y (nascidos a partir de 1980 – conectados e tecnológicos), sobre qual deveria ser o propósito principal das empresas, indicou que mais de 63% responderam que “melhorar a sociedade” é mais importante do que “gerar lucro”.
Concluiu-se que nos próximos anos ocorrerá uma gigantesca transferência de riqueza (US$ 24 trilhões) dos atuais grandes investidores Baby Boomers (pessoas nascidas no pós guerra – 1946 a 1964 – ) e Geração X para os Millenials. A título de curiosidade, a Geração X é indicada em algumas pesquisas, como a das pessoas nascidas desde 1.950 até meados de 1.970 e os indivíduos são identificados como “ativos e felizes”, tendo alcançado um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, com “tendências empreendedoras”.
A riqueza mudando de geração, as preferências de investimento também mudarão e, considerando o aspecto de “melhorar a sociedade” indicado na pesquisa, as questões ambientais, sociais e de governança serão cada vez mais significativas para as avaliações das empresas que buscam investimentos e/ou querem ter suas ações valorizadas. Significa que, no futuro próximo, OS DONOS DO DINHEIRO investirão em empresas Sustentáveis do ponto de vista Ambiental, Social, Econômico e com Governança.
Larry Fink , o CEO da Black Rock, traz justamente este aspecto em sua carta e foi um alerta para as organizações que precisam de investimento para seus projetos e para o mercado financeiro.
A Black Rock dedica recursos consideráveis para melhorar o input de dados para então fazer suas análises a fim de mensurar a quantas anda cada mercado/ organização, considerando serem Sustentáveis do ponto de vista Ambiental, Social, Econômico e com Governança, fatores estes que está integrado em sua plataforma de investimento, condicionando o direcionamento e disponibilidade de fundos ao engajamento das empresas nestes fatores. O input de dados para análises e mensuração dos fatores nasce no que hoje estamos ouvindo muito que é o ESG. ESG é uma sigla em inglês Environmental, Social and Corporate Governance. Esta sigla vem sendo abordada pelo mercado financeiro, principalmente. Creio que será o grande alento para os bons profissionais de Sistemas de Gestão que buscam o engajamento das empresas para com seus sistemas, que buscam desenvolver as organizações para uma melhor gestão, considerando os conceitos das normas de Qualidade, Meio Ambiente, Saúde e Segurança, Responsabilidade Social e de forma abrangente, a Gestão de Riscos.
Há anos em meus treinamentos, costumo dizer que empresas que não buscam a sustentabilidade não tem como fazer parte do rol das gigantes, que tem suas ações disponíveis e valorizadas na Bolsa de valores, e nem captar grandes recursos/investimentos, ou seja, isto não é novidade!
Desde o início dos anos 2.000, em função de pesquisas da Bovespa, que também indicaram o perfil dos futuro próximo de investidores, as organizações vêm sendo engajadas, exigidas, estimuladas a melhores práticas de Governança Corporativa. A governança requer transparência, descentralização do poder, gestão responsável. A mudança do perfil dos investidores naquele momento foi impulsionada por grandes e diversos escândalos econômicos/financeiros ao longo de anos, no mundo todo. A Bovespa criou o índice Governança Corporativa – IGC em 2001, para medir o desempenho de empresas em Governança Corporativa.
O que é novidade então?
Bem, Larry Fink, em sua carta aberta, deixou claro que direcionará investimentos ($$$$$ dos que em sua empresa/plataforma confiam) às empresas que estiverem engajadas nesta proposta – Sustentáveis do ponto de vista Ambiental, Social, Econômico e com Governança. É em função disso que o mercado financeiro tanto de ESG.
De maneira superficial podemos resumir o ESG como um processo que tem nele uma metodologia de análise e avaliação, uma ferramenta para mapear os riscos que as organizações oferecem para os investidores. A partir de seus dados, os quais foram avaliados e auditados por organizações independentes, a saída de uma Avaliação ESG é a estrutura de um MAPA DE RISCOS que traz indicadores setoriais e de Desempenho das organizações avaliadas. Isto vai orientar os fundos de investimento/ os investidores, quanto ao risco de investir nas empresas, auxiliando-os na tomada de decisão.
Podemos também pegar um atalho nesta conversa toda e concluir que os grandes fundos de investimentos como a Black Rock, estão preocupados e tem responsabilidade com seus investidores, quer não querem PERDER DINHEIRO e ter seus rendimentos prejudicados, investindo em empresas que não tem compromisso com Meio Ambiente, com Saúde e Segurança dos seus trabalhadores e com os anseios e demandas da sociedade – Responsabilidade Social. Não querem seu dinheiro investido em empresas que causam impacto sócio – ambiental e nem em escândalos econômicos/ financeiros, por conta de decisões monocráticas, por isso querem Governança (gestão responsável, poder de participação nas decisões e transparência)!
No Brasil e no mundo temos vários casos de empresas para citar, considerando o resultado da falta destas práticas responsáveis e sustentáveis. Para reduzir os riscos aos DONOS DO DINHEIRO, as empresas serão cada vez mais avaliadas pelo prisma da Sustentabilidade e agora, também pelas métricas e critérios ESG, que são mais abrangentes, requerendo Governança.
O ESG é algo para além dos sistemas de gestão, mas só é possível conseguir uma boa avaliação neste critério, se houver sistemas de gestão implementados e melhorando continuamente. Sim, melhorando continuamente! O ESG é um processo que buscará sempre melhor desempenho das organizações.
É correto concluir e afirmar que as empresas serão cada vez mais exigidas, considerando as métricas da Avaliação ESG.
Vejamos, a Bolsa de Valores (B3) e certamente no mundo inteiro, serão usadas as métricas ESG para somar aos seus Índices de Sustentabilidade, afinal o perfil dos investidores já está mudando e buscando empresas que lhe oferecem segurança para investir seu dinheiro, e no futuro próximo, o perfil do investidor será aquele que respondeu a pesquisa da Deloitt – 63% responderam que “melhorar a sociedade” é mais importante do que “gerar lucro”.
Não podemos divagar e acreditar que uma empresa Ltda, MEI, ME, S.A, com fins lucrativos, existirá com propósito de melhorar a sociedade. Obvio que uma empresa primeiramente existe para dar LUCRO e os investidores também esperam o LUCRO, mas NÃO ÀS CUSTAS DE IMPACTO SÓCIOAMBIENTAL.
Voltando à questão da Bolsa de Valores, sem aprofundamento, já que não sou especialista, a B3 avalia as empresas interessadas em ter suas ações na bolsa, em se abrir para o mercado, para ser empresas de capital aberto etc. É por isso que ouvimos “as ações da empresa X ou Y estão em baixa”, quando há problemas socioambientais (ex: Contaminação pelo Césio 137, Rompimento da Barragem do Fundão, Vazamento de óleo na Bacia de Guanabara, a agressão e morte do cachorro Manchinha etc).
Por outro lado, quanto melhor os resultados das organizações, isto envolve LUCRO, relatórios com índices de sustentabilidade dentro dos padrões exigidos e obviamente sem escândalos envolvendo seus nomes, ouvimos “as ações da empresa X,Y estão em alta”.
Quanto maior o valor das ações destas organizações, mais lucro tem os investidores!
Para atender este anseio destes investidores atuais e futuros, evitando que eles direcionem seus investimentos para empresas fora dos padrões requeridos e demonstrando valor de empresas com boas práticas e que atingem seus índices, a B3 já para este ano de 2021, está revisando sua metodologia de Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE (15 anos sendo praticado), considerando o ESG. Esta nova metodologia de análise será encaminhada às empresas, passando inclusive, a ser uma avaliação com foco setorial.
A B3 tem também o índice de Carbono Eficiente – IC02, que é também um dos índices de sustentabilidade, para o qual as organizações devem demonstrar a redução de suas emissões. Quanto mais se produz e menos se emite, melhor o índice, mas isto é assunto para outro artigo…rsrs.
Fora a Bolsa de Valores, no brasil e no mundo, há os financiamentos oriundos de Bancos Nacionais, Mundiais que também usam recursos de grandes investidores/ fundos de investimentos e que fazem parte do PRI- Princípios para Investimento Responsável, reconhecidos internacionalmente. O PRI tem suas métricas e avalia as organizações quanto a estarem fazendo investimentos mais sustentáveis/ responsáveis. Uma das métricas de avaliação do ESG é os princípios do PRI e vice – versa.
O PRI é Iniciativa de investidores em parceria com a Iniciativa Financeira do Programa da ONU para o Meio-Ambiente (UNEPFI) e o Pacto Global da ONU. O PRI tem uma rede internacional de signatários, o Brasil é um deles. A aderência é “voluntária”.
As organizações que buscam investimentos com bancos signatários do PRI serão avaliadas por estas instituições financeiras/ bancos quanto a Sustentabilidade e Governança, e isto envolve as métricas ESG.
O Fundo de Pensão dos Funcionários do Banco do Brasil – PREVI é signatário do PRI. Em 2019 o fundo de pensão dos empregados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aderiu ao PRI.
Todas as avaliações impostas, as analises as quais as organizações são submetidas, inclusive empresas públicas e mistas, são para impulsionar o “novo mercado”, onde estará uma nova categoria de empresas com controle compartilhado com um conselho, governança formalizada e muito competitivas globalmente. Este é o objetivo de quem quer lucro, sem causar impactos socioambientais.
Ouviremos muito falar em Investimento ESG, o que significa que são investimentos (obras, tecnologia, projetos de toda ordem) que incorporam questões ambientais, sociais e de governança como critérios na análise, indo além das tradicionais métricas econômico-financeiras e com isso, permitindo uma avaliação das empresas de forma Global.
Obviamente a integração do ESG no Brasil e no mundo é um processo que levará tempo para consolidar. Cada País, cada Organização estará em um estágio.
Considerando o Brasil, já foram dados passos valorosos neste processo de integração e atendimento aos fatores e critérios ESG. Agências como a XP investimento consideram na sua análise do avanço, o marco regulatório do mercado financeiro, que tem como principais reguladores, o Conselho Monetário Nacional (CMN) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), atuando com resoluções e instruções, na promoção dos valores e agenda ESG.
Norteiam o ESG a Agenda 2030 da ONU – 2015 que traz 17 objetivos para o Desenvolvimento Sustentável – ODS, o Acordo de Paris – Compromissos assumidos pelas nações signatárias do acordo em 2015 para assegurar a mitigação e a adaptação à mudança climática, e estes desdobram em diversos requisitos como Princípios do PRI, Princípios do Equador que é um conjunto de critérios socioambientais de adoção voluntária por instituições financeiras em nível mundial, referenciados nos Padrões de Desempenho sobre Sustentabilidade Socioambiental da International Finance Corporation (IFC) e nas Diretrizes de Meio Ambiente, Saúde e Segurança (Diretrizes de EHS) do Grupo Banco Mundial. Em seguida temos o desdobramento de toda legislação aplicável dentro de cada Nação, o seguimento e negócio. Como gerir tudo isso, dar lucro e ser competitivo sem um Sistema de Gestão que impulsiona, inclusive a melhoria contínua?
É o processo da organização que gera dados e informações para o monitoramento dos resultados das organizações, pelo qual se faz a avaliação de desempenho. Estas avaliações de desempenho são a base da estruturação dos relatórios de sustentabilidade e governança, por onde as instituições que gerenciam o dinheiro dos investidores consolidam suas análises e mapas de riscos, para então definir quanto a direcionar investimentos ou suspendê-los, quando os índices estiverem fora, aumentando os risco aos investidores.
ATENÇÃO!
Diferente das Auditorias de Sistemas de Gestão, as Avaliações/ Due Diligence/ Auditorias ESG não tem planejamento por parte da organização e organismo certificador. Estas poderão ocorrer sem aviso prévio e seu resultado pode causar a suspensão de investimentos e exigir a devolução do que já foi liberado. O ESG é um processo, é contínuo e impulsionador de melhores práticas de gestão e gestão responsável.
Vale lembrar que INVESTIDORES QUEREM LUCRO, mas não às custas de impacto socioambiental. INVESTIDORES QUEREM TRANSPARÊNCIA, por isso exigem Governança!
Para os profissionais de Gestão, este é o motor de propulsão que faltava para as organizações se voltarem para os seus Sistemas de Gestão e buscar melhores práticas, pois estamos falando do Bolso delas ($$). Seja de capital aberto ou fechado, familiar e não, se querem investimento a custo baixo, terão que aderir às práticas ESG. Quer ter ações valorizadas na Bolsa de valores? Terá que aderir às práticas ESG. Quer ser mais competitiva, ter mais valor e entrar para o “novo mercado? Pratique ESG!
Aspecto importantíssimo para os profissionais de Gestão e de Riscos é que o mercado precisará cada vez mais de profissionais com conhecimentos amplos e prática nas áreas de MA, SSO, Resp. Social, SGI. Normas e ferramentas de Gestão são fundamentais para auxiliar no aprofundamento das análises de Risco e ESG, profissionais com conhecimentos em Avaliação de Riscos, tanto para empresas, quanto para instituições financeiras. Para os profissionais Auditores e Consultorias, igualmente. Estas avaliações requerem independência e serão contínuas.
Se você é profissional de Sistemas de Gestão, se precisa melhorar seus conhecimentos nas normas de Gestão, ou se quer entrar neste mercado profissional, agora é a hora!
Eu sou Josiane Lopes, sou consultora e atuo em nome da Target-Q Consultoria e Treinamentos, contribuindo com empresas e profissionais que buscam ampliar suas competências em Sistemas de Gestão, Formação de Auditores Interno e Auditores Líderes em normas de Gestão, e também estou me preparando!
Continuaremos com novas postagens abordando os temas Sustentabilidade, Normas de SG, Governança Corporativa… Estamos preparando os treinamentos destes temas.
A Target-Q tem diversos cursos sobre as normas de gestão e ferramentas a elas atreladas, no formato gravado EAD, mas também temos o formato online ao vivo. Fale conosco!
Acesse ead.target-q.com e mãos à obra!
Se a sua organização precisa de apoio e suporte para estruturar seu SG, ou adequá-lo para os objetivos ESG, fale conosco em [email protected] ou entre em nosso site e veja outros
Fontes:
Black Rock – Carta de 2019 de Larry Fink a CEOs | BlackRock
Bolsa de Valores Índices em parceria S&P DowJones | B3
Enfim – PRI – Princípios para o Investimento Responsável – Enciclopédia de Finanças (enfin.com.br)
XP investimentos – Panorama do marco regulatório de investimentos ESG no Brasil – Análises e Recomendações – XP Investimentos
GROSVENOR house of investiments – A Grosvenor é a nova signatária do PRI, das Nações Unidas – grosvenor (grosvenorinvest.com)
Banco do Brasil Docs 1. Princípios do Equador 2017 – anexo – português (bb.com.br)
Roberto Roche QMS e Sustentabilidade
Previ – Políticas de Investimento | Portal Previ
Editora Roncati – BNDES e fundações vão analisar critério sustentável de empresa (editoraroncarati.com.br)
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