Desde a emissão dos primeiros drafts da ISO-9001:2015 ficou explicito que a linguagem usual de documentos, registros, procedimentos documentados, manual da qualidade entre outros termos entraria em desuso. Muitos gritaram aos quatro ventos que os procedimentos tinham sido abolidos, que agora os SGQ’s ficariam menos burocráticos (como que ser burocrático fosse uma obrigatoriedade anteriormente). Não é bem assim!
Vamos começar pelas definições da ISO-9001:2015 e depois entramos no que diz a IATF-16949:2016
Na ISO-9001:2015, onde lemos “manter informação documentada” refere-se às antigas terminologias como “documento”, “procedimentos documentados”, “manual da qualidade etc. Onde lemos “reter informação documentada” refere-se a registros. Simples, basta encontrar essas referencias ao longo da norma e aplicar essa relação, que está detalhadamente descrita no Anexo A.6 da ISO-9001:2015.
Na IATF-16949, o buraco é um pouco mais embaixo:
· Devemos considerar o mesmo raciocínio citado acima referente a informação documentada;
· O Manual da Qualidade ainda é obrigatório (em um formato mais flexível – ver requisito 7.5.1.1);
· E uma terminologia diferente é citada diversas vezes: PROCESSO DOCUMENTADO;
Vale citar que a equipe da IATF que desenvolveu a norma não utiliza o mesmo rigor em relação aos termos e vocabulário que os comitês da ISO utilizam. Então o termo “processo documentado” aparece ao longo da norma com algumas variações. Fique atento a isso!
Resumidamente, sabemos que um processo é o conjunto de atividades que transformam entradas em saídas. Então, sempre que o termo processo documentado ou equivalente aparecer, devemos documentar um processo que garanta que os objetivos do requisito em questão seja atingido.
Para isso precisaremos estruturar esse processo com base no PDCA. Definir claramente seu objetivo, entradas e saídas, determinar os métodos para que os objetivos sejam atingidos, avaliar os riscos, prover os recursos necessários e monitora-lo através de métricas cabíveis.
E onde ao longo da IATF-16949 os processos documentados são requeridos?
Veja a lista abaixo:
4.4.1.2 – Segurança do Produto
7.1.5.2.1 – Registro de calibração / verificação
7.2.1 – Competência
7.2.3 – Competência do Auditor Interno
7.3.1 – Conscientização – suplemento (ver 7.2.1)
7.3.2 – Motivação e empowerment de seus colaboradores
7.5.3.2.2 – Especificações de Engenharia
8.4.1.2 – Processo de seleção do fornecedor
8.4.2.1 – Tipo e extensão de controle – suplemento
8.4.2.4 – Monitoramento do Fornecedor
8.5.6.1 – Controle de mudança – suplemento
8.5.6.1.1 – Mudança temporária dos controles de processo
8.7.1.4 – Controle de produto retrabalhado
8.7.1.5 – Controle de produto reparado
8.7.1.7 – Disposição de produto não-conforme
9.2.2.1 – Programa de auditoria interna
10.2.3 – Solução de Problemas
10.2.4 – Prova de Erros
10.3.1 – Melhoria continua – suplemento
Os “processos documentados” requeridos nos requisitos acima serão em muitos casos sub-processos dentro dos processos da organização. A definição de um não exclui o outro e vice e versa.
Não se esqueça de estruturar seu SGQ conforme definido em 4.4 – Sistema de Gestão da Qualidade e seus Processos. A existência dos “processos documentados” não exclui a necessidade de definirmos os macro processos do SGQ.
Nota 1: Não é necessário para cada um destes requisitos ter um processo documentado de forma individual. As atividades referentes a esses processos devem ser documentadas, e isso pode ser feito de forma integrada.
Nota 2: Um processo pode ser documentado utilizando por exemplo: um diagrama de tartaruga, um fluxograma, um texto, imagens… Cada organização escolhe a melhor forma. O importante é considerar sempre: os objetivos deste processo, suas entradas, suas saídas, como as saídas são monitoradas etc.
Se você ou sua empresa ainda tem dúvidas. Entre em contato conosco. Nós podemos ajudar!
Conheça nossos treinamentos relacionados com a IATF-16949, clique aqui!
